quarta-feira, 17 de julho de 2013

... porque «nem só de pão vive o homem» ...





" (...) porque «nem só de pão vive o homem. Numa época em que os espíritos generosos e arrojados tentam transformar o seu ideal de justiça social em realidade objectiva, as nossas ambições não se limitam à conquista do pão, vinho e sal .

Queremos conquistar tudo o que é necessário à vida humana e até mesmo a utilidade que forma o conforto da existência; queremos a faculdade de poder assegurar a todos os homens a plena satisfação das suas necessidades e dos seus gozos. Enquanto não fizermos esta primeira «conquista», enquanto na terra «houver pobres», é um gracejo de mau gosto, é ironia cruel dar o nome de sociedade a este conjunto de seres humanos que se odeiam e se despedaçam como feras encerradas numa arena.(...)

(...) Tudo é de todos! E desde que o homem e a mulher contribuam para a comunidade com a sua quota parte de trabalho, adquirem o direito à quota parte de tudo o que se produzir sobre a terra. E esta participação do todo dar-lhes-á o bem-estar.
  Basta de fórmulas ambíguas tais como o «direito ao trabalho», ou «a cada um o produto do seu trabalho». O que nós proclamamos é direito ao bem-estar, o bem-estar para todos.(...)

(...) Mas, para que o bem-estar se torne uma realidade é preciso que esse imenso capital constituído por casas, cidades, campos lavrados, fábricas, vias de comunicação, educação, etc. , deixe de ser considerado propriedade privada (...).

(...) É preciso que esta rica ferramenta de produção, com tanta dificuldade obtida, construída, inventada e aperfeiçoada pelos nossos antepassados, se torne propriedade comum, a fim de que o espírito colectivo tire dela a máxima vantagem para todos.

É imprescindível a expropriação.
O bem-estar para todos como fim, a expropriação como meio. "

in "A Conquista do pão" , Kropotkine , 1ª edição em 1910