"Universalmente considerado como o símbolo fundamental do princípio de vida, com a sua força, o seu poder e o seu brilho, o vermelho, cor de fogo e de sangue, possui, entretanto, a mesma ambivalência simbólica destes últimos (...) o vermelho claro, brilhante, centrífugo, é diurno, masculino, tónico, incitando à acção, lançando como um sol o seu brilhante sobre todas as coisas com um imenso e irredutível poder . o vermelho escuro, pelo contrário é nocturno, femenino, secreto, e no limite, centrípedo; ele representa não a expressão, mas o mistério da vida. um seduz, encoraja, provoca, é o vermelho das bandeiras, das insígnias, dos cartazes, das embalagens publicitárias; o outra alerta, retém, incita à vigilância e, no limite, inquieta: é o vermelho dos semáforos, a lâmpada vermelha proibindo a entrada (...) é também a antiga lâmpada vermelha das casas de passe, o que poderia parecer contraditório, pois em vez de proibir, elas convidam; mas não o é, quando se considera que esse convite diz respeito à transgressão da mais profunda proibição da época em questão, o proibido lançado sobre as pulsões sexuais, a líbido, os instintos passionais.
este vermelho nocturno e centrípeto é a cor do fogo central do homem e da terra, o do ventre e do atanor dos alquimistas onde, pela obra ao rubro se opera a digestão, o amadurecimento, a geraçÃO ou a REGENERAÇÃO DO HOMEM OU DA OBRA. (...)
o VERMELHO VIVO, DIURNO, SOLAR, CENTRÍFUGO, INCITA À ACÇÃO; ELE É A IMAGEM DO ARDOR E DA BELEZA, DE FORÇA IMPULSIVA E GENEROSA, DE JUVENTUDE, DE SAÚDE, DE RIQUEZA(...)
nÃO HÁ POVO QUE NÃO TENHA EXPRIMIDO - CADA UM À SUA MANEIRA - ESTA AMBIVALÊNCIA DE ONDE PROVÊM TODO O PODER DE FASCÍNIO DA COR VERMELHA, QUE TRAZ EM SI INTIMAMENTE LIGADAS AS DUAS MAIS PROFUNDAS PULSÕES HUMANAS: ACÇÃO E PAIXÃO, LIBERTAÇÃO E OPRESSÃO (...)"
in "dicionário dos símbolos" , jean chevalier & alain gheerbrant , 1ª edição em 1982