" (...)
porque «nem só de pão vive o homem. Numa época em que os
espíritos generosos e arrojados tentam transformar o seu ideal de
justiça social em realidade objectiva, as nossas ambições não se
limitam à conquista do pão, vinho e sal .
Queremos
conquistar tudo o que é necessário à vida humana e até mesmo a
utilidade que forma o conforto da existência; queremos a faculdade
de poder assegurar a todos os homens a plena satisfação das suas
necessidades e dos seus gozos. Enquanto não fizermos esta primeira
«conquista», enquanto na terra «houver pobres», é um gracejo de
mau gosto, é ironia cruel dar o nome de sociedade a este conjunto de
seres humanos que se odeiam e se despedaçam como feras encerradas
numa arena.(...)
(...) Tudo é
de todos! E desde que o homem e a mulher contribuam para a comunidade
com a sua quota parte de trabalho, adquirem o direito à quota parte
de tudo o que se produzir sobre a terra. E esta participação do
todo dar-lhes-á o bem-estar.
Basta de
fórmulas ambíguas tais como o «direito ao trabalho», ou «a cada
um o produto do seu trabalho». O que nós proclamamos é direito ao
bem-estar, o bem-estar para todos.(...)
(...) Mas,
para que o bem-estar se torne uma realidade é preciso que esse
imenso capital constituído por casas, cidades, campos lavrados,
fábricas, vias de comunicação, educação, etc. , deixe de ser
considerado propriedade privada (...).
(...) É
preciso que esta rica ferramenta de produção, com tanta dificuldade
obtida, construída, inventada e aperfeiçoada pelos nossos
antepassados, se torne propriedade comum, a fim de que o espírito
colectivo tire dela a máxima vantagem para todos.
É
imprescindível a expropriação.
O bem-estar
para todos como fim, a expropriação como meio. "
in "A
Conquista do pão" , Kropotkine , 1ª edição em 1910