" O cogumelo (...) é um símbolo de longevidade (...) Figura nos atributos do deus da longevidade. Os imortais consomem-no, associado à canela, ao ouro (...) eles obtêm com essa mistura, escreve wang Tch´ong, a leveza do corpo. Além disso, acreditava-se que o agárico (ling-tche) só prosperava na paz e na boa ordem do império. o seu desenvolvimento é, portanto, o sinal de um bom uso do mandato celeste.
(...) num plano totalmente diferente, a cosmologia sinotibetana faz do cogumelo, devido à forma em cúpula do seu chapéu, uma imagem do céu primordial.
tchuang-tse considera, aliás, a multiplicidade dos cogumelos nascidos de uma mesma humidade como a imagem das modalidades impermanentes do ser, aparições fugidias duma só e mesma essência.
entre os dogons, os cogumelos são simbolicamente associados à parede do abdómen e aos instrumentos musicais. esfrega-se a menbrana dos tambores com um pó de cogumelos carbonizados para lhes dar a voz.
para os orotch, povo tungue da sibéria, as almas dos mortos são reincarnadas na lua sob a forma de cogumelos e atirados para a terra.
para alguns povos bantos do congo central, o cogumelo seria igualmente um símbolo da alma. entre os luluas fala-se do cogumelo do quintal e do cogumelo do mato, para evocar o mundo dos vivos e dos mortos. um sábio acrescenta: um cogumelo no quintal e um cogumelo na savana são um mesmo cogumelo.
todas estas crenças têm um ponto em comum: fazem do cogumelo o símbolo da vida regenerada pela fermentação e pela decomposição orgânica, isto é, pela morte. "
in "dicionário dos símbolos" , jean chevalier & alain gheerbrant , 1ª edição em 1982
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