" intenso, violento, agudo até à estridência, ou amplo e ofuscante como um metal em fusão, o amarelo é a mais quente, a mais expansiva, a mais ardente das cores, difícil de desvanecer, e que extravasa sempre os limites em que se pretende encerrá-la . os raios de sol atravessando o azul dos céus, manifestam o poder das divindades do além : no panteão asteca, (...) o Deus do sol do meio-dia é pintado de amarelo e azul .
na cosmologia mexicana, o amarelo dourado é a cor da pele nova da terra, no início das estações das chuvas, antes que reverdeça. (...) sendo de essência divina, o amarelo dourado torna-se, na terra, o atributo do poder dos príncipes, dos reis e dos imperadores, para proclamar a origem divina do seu poder. os louros verdes da esperança humana recobrem-se do amarelo dourado do poder divino. e os ramos verdes de cristo, na sua estadia terrestre, são substituídos por uma auréola .(...)
o amarelo é a cor da eternidade, do mesmo modo que o ouro é o metal da eternidade. um e outro estão na base do ritual cristão (...) é também no meio destes ouros, destes amarelos, que os padres católicos conduzem os defuntos para a vida eterna (...)
esta presença do amarelo, sob o pretexto da eternidade, introduz o segundo aspecto simbólico desta cor terrestre .(...) ela é, então, a cor anunciadora o declínio, da velhice, da proximidade da morte.
o amarelo tem um valor cratofânico* (...) o campo do seu confronto é a pele da terra, que se torna, ela também, amarela, com a proximidade da morte. (...)
no fim o amarelo torna-se substituto do negro."
in "dicionário dos símbolos" , jean chevalier & alain gheerbrant , 1ª edição em 1982
* O local de uma cratofania é, por excelência,
um lugar de poder e de sacralidade. De acordo com Eliade, "toda a
cratofania e toda a hierofania, sem distinção alguma, transfiguram o
lugar que lhes serviu de teatro: de espaço profano que era até então,
tal lugar ascende à categoria de espaço sagrado". O espaço, como o
próprio sagrado, é porém, ambivalente. É lugar de vida e de morte. Atrai
e atemoriza. De um modo geral, entretanto, as religiões
vétero-orientais destacam o elemento positivo do espaço sagrado.
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