sábado, 14 de maio de 2016

ritual ... No.1


ritual. {... é uma meditação em movimento, acção que se materializa em algo onde colocamos as nossas intenções...
...é matéria para a contemplação...
  onde cada gesto, cada movimento é simbólico... 
onde cada flor, cada folha... tudo.
 Tudo tem o seu simbolismo...
...e o ritual em círculo... são os ciclos da natureza... 
onde o movimento é perpétuo... assim como o próprio círculo...}



"CÍRCULO . O círculo é em primeiro lugar um ponto estendido; participa da sua perfeição. Assim o ponto e o círculo têm propriedades simbólicas comuns: perfeição, homogeneidade, ausência de destinção ou de divisão... O círculo pode ainda simbolizar, não as perfeições ocultas  do ponto primordial, mas os efeitos criados; dizendo de outra forma, pode simbolizar o mundo, quando se distingue do seu princípio. 

  Os círculos concêntricos representam os graus do ser, as hierarquias criadas. Para todas essas categorias, eles constituem a manifestação universal do ser único não manifestado.
  Por tudo isto, o círculo é considerado na sua totalidade indivisa... o movimento circular é perfeito, imutável, sem começo nem fim, nem variações; o que o habilita a simbolizar o tempo. O tempo define-se como uma sucessão contínua e invariável de instantes, todos idênticos uns aos outros... 

  O círculo simbolizará também o céu, de movimento circular e inalterável... a um outro nível de interpretação, o próprio céu se torna símbolo, o símbolo do mundo espiritual, invisível e transcendente. Mas, mais directamente, o círculo simboliza o céu cósmico, e particularmente nas suas relações com a terra. Nesse contexto, o círculo simboliza a actividade do céu, a sua inserção dinâmica no cosmos, a sua casualidade, a sua exemplaridade, o seu papel providente. E por esta via junta-se aos símbolos da divindade debruçada sobre a criação, cuja vida produz, regula e ordena. (CHAS, 28)
(...) 
  No budismo Zen, encontra-se frequentemente desenhos de círculos concêntricos. Estes círculos simbolizam as etapas do aperfeiçoamento interior, a harmonia progressiva do espírito.

  O círculo é o signo da unidade do princípio e também o do céu: como tal, indica a actividade, os movimentos cíclicos. É o desenvolvimento do ponto central, a sua manifestação: todos os pontos da circunferência se encontram no centro do círculo, que é o seu princípio e o seu fim .
(...)
  O círculo é a figura dos ciclos celestes, principalmente das revoluções planetárias, do ciclo anual representado pelo Zodíaco. Caracteriza a tendência expansiva. Consequentemente, é o signo da harmonia, e é por isso que as normas arquitecturais se estabelecem frequentemente sobre a divisão do círculo.

  Porque é que o céu se move num movimento circular?, interroga Plotino. Porque imita a Inteligência.
(...)
  A forma primordial é, com efeito, menos o círculo do que a esfera, figura do Ovo do Mundo. Mas o círculo é a taça ou a projecção da esfera. Por isso, o paraíso terrestre era circular. A passagem do quadrado para o círculo, por exemplo, na mandala, é o da cristalização espacial ao nirvana, à Indeterminação original; passagem da Terra ao Céu, segundo a terminologia chinesa, o que confirma a simbologia ocidental e cristã.

  O simbolismo, porém, não é sempre assim simples, pois a imutabilidade celeste encontra também a sua expressão no quadrado, e as mutações terrestre, no círculo.
(...)
  Combinada com a do quadrado, a forma do círculo evoca uma ideia de movimento, de mudança da ordem ou do nível. A figura circular adjunta à figura quadrada é espontaneamente interpretada pelo psiquismo humano como a imagem dinâmica duma dialéctica celeste transcendente, ao qual o homem aspira naturalmente, e o terrestre, onde ele se situa actualmente, onde ele se percebe como sujeito duma passagem a realizar a partir de agora, graças à ajuda dos signos. (CHAS, 131)
(...)
  O círculo é também símbolo do tempo; a roda que gira. Desde a mais remota Antiguidade, o círculo serviu para indicar a totalidade, a perfeição, englobando o tempo para melhor o medir.
  Os Babilónicos utilizaram-no para medir o tempo: dividiram-no em 360º, decomposto em seis segmentos de 60º; o seu nome Shar, designava o Universo, o Cosmos. A especulação religiosa babilónica extraiu daí a noção do tempo infinito, cíclico, universal, que é transmitida na Antiguidade, na época Grega, por exemplo, sob a imagem da serpente que morde a própria cauda.
(...)
  Do círculo e da ideia de tempo nasceu a representação da roda, que dessa ideia deriva, e que sugere a imagem do ciclo correspondente à ideia de um período de tempo ( etimologicamente, o hebraico associa a torre, que é circular, ao verbo mover-se em círculos, girar, dar a volta; da mesma forma, liga a geração humana à raiz mover-se em círculos). O simbolismo do círculo abrange o da eternidade ou dos perpétuos reinícios.(RUTE, 333)



"MANDALA . A mandala é, literalmente, um círculo (...) é ao mesmo tempo, um resumo da manifestação espacial, uma imagem do mundo, além de ser a representação e a actualização de forças divinas; é também uma imagem psicagógica, própria para conduzir aquele que a contempla á iluminação.
(...)
   A mandala é uma imagem ao mesmo tempo sintética e dinamogénica, que representa e tende a ultrapassar as oposições do múltiplo e do uno, do decomposto e do integrado, do diferenciado e do indiferenciado, do exterior e do interior, do difuso e do concentrado, do aparente visível ao real invisível, do espaço temporal ao intemporal-extra-espacial.
(...)
  Na tradição tibetana, a mandala é o guia imaginário e provisório da meditação. Manifesta nas suas diversas combinações de círculos e quadrados, o universo espiritual e material, assim como a dinâmica das relações que os unem, no triplo plano cósmico, antropológico e divino. No ritual, a mandala funciona como suporte da divindade de que é o símbolo cósmico. Projecção visível de um mundo divino.(...)"

in "dicionário dos símbolos" , jean chevalier & alain gheerbrant , 1ª edição em 1982 

domingo, 8 de maio de 2016

"tormenta"...


   Dias de tormenta... de chuva sem parar... chuva forte... o céu parece querer desabar sobre nós... e a ribeira volta a subir, para limpar tudo à sua volta...

" Tormenta. Na Bíblia, a tempestade representa, uma intervenção divina,e principalmente a cólera de Deus. (...) A tormenta evoca a glória e a força divinas, que aterram os inimigos do povo de Javé e lhe garantem a paz.(...)

  Mas, é igualmente na tormenta que se desenvolve a acção criadora. Os seres nascem do caos numa indescritível perturbação cósmica. É na tormenta que aparecem os grandes começos e os grandes fins de épocas históricas: revoluções, novos regimes, tempo escatológico, Apocalipse. Os deuses criadores e organizadores do universo são deuses da tormenta: Zeus entre os Gregos; Bel entre os Assírio-babilónicos; Donar entre os Germanos; Thor entre os Nórdicos; Agni, Indra entre os Hindus.

  A tormenta anuncia também a chuva fertilizadora: é um símbolo benéfico.

  A tormenta, tema romântico por excelência, simboliza as aspirações do Homem, a uma vida menos banal, mais atormentada, agitada, mas ardente de paixão. (...) Um certo amor pelas tormentas denuncia uma necessidade de intensidade na existência e de fuga da banalidade; no fundo, talvez seja o gosto pelo sopro da violência divina."


in "dicionário dos símbolos" , Jean Chevalier & Alain Gheerbrant , 1ª edição em 1982 

sexta-feira, 6 de maio de 2016

Beltane ... e a celebração das flores ...


 Beltane... é o rito de fertilidade que celebra o auge do florescimento, da vida e do amor na Terra... É a união sagrada entre o Céu e a Terra, onde os mundos novamente se encontram.



 Beltane é o festival do "Bom Fogo" ou "Bel-fogo", em homenagem ao deus solar Bel. É um festival de alegria, crescimento e fecundidade, que anuncia a chegada do verão. 
  Marca o dia em que o sol entra a 15º do signo de touro, aquele que solidifica, enraíza e estrutura o que o carneiro iniciou ... é a época de celebrar o amor, a beleza, os prazeres terrenos ... a comida, a bebida, o sexo ...
  Na Religião Antiga, a palavra "fertilidade" significava o desejo de produzir mais nos campos e não apenas a actividade erótica por si só.



  Nesse dia sagrado, acendem-se as fogueiras, que estimulam a imaginação e a força sexual criadora da Natureza.
  A alegria e o divertimento costumam estender-se até às primeiras horas da manhã, e, ao amanhecer do dia, o orvalho da manhã é colectado das flores para ser usado em poções místicas e curadoras.


{ ritual de contemplação. a natureza em casa.
 fogo sagrado em noites sem luar.}


rituais sagrados ... na celebração das flores 
sol ⊙ em touro e lua ☽ em touro

 .05 maio 2016. 13:33h .

quinta-feira, 5 de maio de 2016

O ritual do «dia da espiga» ...




 Dia da espiga é uma celebração que ocorre no dia da Quinta-feira de Ascenção, 40 dias após a Páscoa. Celebrado com um ritual de colheita : passeio matinal, em que se colhe espigas, flores campestres e raminhos de oliveira para formar um ramo de plantas mágicas, carregadas de simbolismo...

  Segundo a tradição o ramo deve ser colocado por detrás da porta de entrada, e só deve ser substituído por um novo no dia da espiga do ano seguinte. Na noite da espiga, queima-se o ramo do ano que passou e agradece-se-se a protecção.
  Em dias de trovoadas queimava-se um pouco da espiga no fogo da lareira para afastar os raios. 

 

  O dia da espiga era também o "dia da hora" e considerado "o dia mais santo do ano", um dia em que não se devia trabalhar. Era chamado o dia da hora porque havia uma hora, o meio-dia, em que tudo parava, "as águas dos ribeiros não correm, o leite não coalha, o pão não leveda e as folhas se cruzam".
 Era nessa hora que se colhiam as plantas medicinais, capazes de curar as mais diversas maleitas.


“Se chover na Quinta-feira da Ascensão, 
até as pedrinhas darão pão.”
E choveu!!


A simbologia das plantas que formam o ramo da espiga:
  • Espiga – pão, sustento & fartura
  • Malmequer – oiro, prata & fortuna
  • Papoila - amor, beleza & vida
  • Oliveira - azeite, luz & paz
  • Alecrim – saúde, medicina & sabedoria
  • Videira - vinho , música & alegria 
E o meu acrescento ao ramo da espiga:
  • Rosmaninho - calma, sossego & gratidão


    {Quinta-feira de Ascenção.5 de maio 2016.}