ritual. {... é uma meditação em movimento, acção que se materializa em algo onde
colocamos as nossas intenções...
...é matéria para a contemplação...
onde cada gesto, cada movimento é simbólico...
onde cada gesto, cada movimento é simbólico...
onde cada flor, cada folha... tudo.
Tudo tem o seu simbolismo...
Tudo tem o seu simbolismo...
...e o ritual em círculo... são os ciclos
da natureza...
onde o movimento é perpétuo... assim como o próprio círculo...}
"CÍRCULO . O círculo é em primeiro lugar um ponto estendido; participa da sua perfeição. Assim o ponto e o círculo têm propriedades simbólicas comuns: perfeição, homogeneidade, ausência de destinção ou de divisão... O círculo pode ainda simbolizar, não as perfeições ocultas do ponto primordial, mas os efeitos criados; dizendo de outra forma, pode simbolizar o mundo, quando se distingue do seu princípio.
Os círculos concêntricos representam os graus do ser, as hierarquias criadas. Para todas essas categorias, eles constituem a manifestação universal do ser único não manifestado.
Por tudo isto, o círculo é considerado na sua totalidade indivisa... o movimento circular é perfeito, imutável, sem começo nem fim, nem variações; o que o habilita a simbolizar o tempo. O tempo define-se como uma sucessão contínua e invariável de instantes, todos idênticos uns aos outros...
O círculo simbolizará também o céu, de movimento circular e inalterável... a um outro nível de interpretação, o próprio céu se torna símbolo, o símbolo do mundo espiritual, invisível e transcendente. Mas, mais directamente, o círculo simboliza o céu cósmico, e particularmente nas suas relações com a terra. Nesse contexto, o círculo simboliza a actividade do céu, a sua inserção dinâmica no cosmos, a sua casualidade, a sua exemplaridade, o seu papel providente. E por esta via junta-se aos símbolos da divindade debruçada sobre a criação, cuja vida produz, regula e ordena. (CHAS, 28)
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No budismo Zen, encontra-se frequentemente desenhos de círculos concêntricos. Estes círculos simbolizam as etapas do aperfeiçoamento interior, a harmonia progressiva do espírito.
O círculo é o signo da unidade do princípio e também o do céu: como tal, indica a actividade, os movimentos cíclicos. É o desenvolvimento do ponto central, a sua manifestação: todos os pontos da circunferência se encontram no centro do círculo, que é o seu princípio e o seu fim .
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O círculo é a figura dos ciclos celestes, principalmente das revoluções planetárias, do ciclo anual representado pelo Zodíaco. Caracteriza a tendência expansiva. Consequentemente, é o signo da harmonia, e é por isso que as normas arquitecturais se estabelecem frequentemente sobre a divisão do círculo.
Porque é que o céu se move num movimento circular?, interroga Plotino. Porque imita a Inteligência.
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A forma primordial é, com efeito, menos o círculo do que a esfera, figura do Ovo do Mundo. Mas o círculo é a taça ou a projecção da esfera. Por isso, o paraíso terrestre era circular. A passagem do quadrado para o círculo, por exemplo, na mandala, é o da cristalização espacial ao nirvana, à Indeterminação original; passagem da Terra ao Céu, segundo a terminologia chinesa, o que confirma a simbologia ocidental e cristã.
O simbolismo, porém, não é sempre assim simples, pois a imutabilidade celeste encontra também a sua expressão no quadrado, e as mutações terrestre, no círculo.
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Combinada com a do quadrado, a forma do círculo evoca uma ideia de movimento, de mudança da ordem ou do nível. A figura circular adjunta à figura quadrada é espontaneamente interpretada pelo psiquismo humano como a imagem dinâmica duma dialéctica celeste transcendente, ao qual o homem aspira naturalmente, e o terrestre, onde ele se situa actualmente, onde ele se percebe como sujeito duma passagem a realizar a partir de agora, graças à ajuda dos signos. (CHAS, 131)
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O círculo é também símbolo do tempo; a roda que gira. Desde a mais remota Antiguidade, o círculo serviu para indicar a totalidade, a perfeição, englobando o tempo para melhor o medir.
Os Babilónicos utilizaram-no para medir o tempo: dividiram-no em 360º, decomposto em seis segmentos de 60º; o seu nome Shar, designava o Universo, o Cosmos. A especulação religiosa babilónica extraiu daí a noção do tempo infinito, cíclico, universal, que é transmitida na Antiguidade, na época Grega, por exemplo, sob a imagem da serpente que morde a própria cauda.
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Do círculo e da ideia de tempo nasceu a representação da roda, que dessa ideia deriva, e que sugere a imagem do ciclo correspondente à ideia de um período de tempo ( etimologicamente, o hebraico associa a torre, que é circular, ao verbo mover-se em círculos, girar, dar a volta; da mesma forma, liga a geração humana à raiz mover-se em círculos). O simbolismo do círculo abrange o da eternidade ou dos perpétuos reinícios.(RUTE, 333)
"MANDALA . A mandala é, literalmente, um círculo (...) é ao mesmo tempo, um resumo da manifestação espacial, uma imagem do mundo, além de ser a representação e a actualização de forças divinas; é também uma imagem psicagógica, própria para conduzir aquele que a contempla á iluminação.
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A mandala é uma imagem ao mesmo tempo sintética e dinamogénica, que representa e tende a ultrapassar as oposições do múltiplo e do uno, do decomposto e do integrado, do diferenciado e do indiferenciado, do exterior e do interior, do difuso e do concentrado, do aparente visível ao real invisível, do espaço temporal ao intemporal-extra-espacial.
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Na tradição tibetana, a mandala é o guia imaginário e provisório da meditação. Manifesta nas suas diversas combinações de círculos e quadrados, o universo espiritual e material, assim como a dinâmica das relações que os unem, no triplo plano cósmico, antropológico e divino. No ritual, a mandala funciona como suporte da divindade de que é o símbolo cósmico. Projecção visível de um mundo divino.(...)"
in "dicionário dos símbolos" , jean chevalier & alain gheerbrant , 1ª edição em 1982
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