terça-feira, 11 de agosto de 2015

" Ervas e Plantas ..."

MILEFÓLIO { Achillea milfolium
HISSOPO { Hyssopus officinalis
HIPERICÃO { Hypericum perforatum
TREVO DOS PRADOS { Trifolium pratense
DEDALEIRA { Digitalis purpurea
LISIMÁQUIA {Lysimachia vulgaris
SILVA { Rubus ulmifolius
CAMOMILA { Matricaria recutita
CENOURA BRAVA { Daucus carota
SANTOLINA { Santolina rosmarinifolia

ALTEIA {  Althaea officinalis
 
ZÍNIA { Zinnia elegans

NÊVEDA DOS GATOS { Nepeta cataria

 POEJOS { Mentha pulegium

 AVEIA { Avena sativa
 SALVA { Salvia officinalis

EQUINÁCIA { Echinacea purpurea
MENTA CHOCOLATE {  Mentha x piperita officinalis, var. choc.
 CALÊNDULA { Calendula officinalis
 ERVA AZEITONEIRA { calamintha nepeta
 COSMOS { Cosmos bipinnatus

   ERVA . Símbolo de tudo o que é curativo e vivificante, as ervas repõem a saúde, a virilidade e a fecundidade. Terão sido os deuses a descobrir as suas virtudes medicinais. 

(...)

   De uma forma geral, as ervas são muitas vezes a oportunidade de teofanias* de divindades fecundadoras.

Ó Ervas! Ó, vós, Mães, é a vós que eu vos saúdo como deusas! 

   As ervas facilitam o parto, aumentam o poder genético, garantem a fertilidade e a riqueza. É por isso que se chega ao ponto de recomendar o sacrifício de animais às plantas.

   Um dos nomes da erva em bretão, louzaouenn, tem ainda, no plural, o sentido arcaico de remédio. A medicina céltica primitiva utilizava as ervas medicinais e a origem da tradição é mírica, dado que as ervas estão na base (os encantamentos não eram mais do que um meio auxiliar) das virtudes da fonte da saúde (Slante).

*Teofania é um conceito de cunho teológico, que significa a manifestação de Deus em algum lugar, coisa ou pessoa. 
Tem sua etimologia enraizada na língua grega: "theopháneia" ou "theophanía".

   PLANTA . A planta simbolizava a energia solar condensada e manifestada. As plantas captam as forças ígneas da terra e recebem a energia solar. Acumulam esse poder; daí as suas propriedades curadoras ou venenosas e a sua utilização na magia.

   Em relação com o princípio vital masculino, as plantas significam o crescimento, no sentido do salmo 144, 12. Sejam os nossos filhos como plantas novas, bem crescidas desde tenra idade. 

   As plantas transportam a sua própria semente. Algumas como o hissopo, exercem um papel purificador. As plantas simbolizam também a manifestação da energia nas suas diversas formas, como a decomposição do espectro solar em cores variadas. Enquanto manifestação da vida, as plantas são inseparáveis da água, bem como do sol.

   Os laços que unem os dois símbolos, das águas e das plantas, são fáceis de compreender. As águas são portadoras de germes, de todos os germes. As plantas, rizomas, arbustos, flores exprimem a manifestação do Cosmos, o aparecimento das formas. O que é expresso pelo símbolo do Lótus (ou Rizoma) saindo das águas é o próprio fluir cósmico. As águas representam o não-manifestado, os germes, as latências; o símbolo floral representa a manifestação, a criação cósmica. A planta, primeiro grau da vida simboliza sobretudo o nascimento perpétuo, fluxo incessante da energia vital.

   Na tradição védica, se as plantas têm virtudes medicinais, é porque elas próprias são os dons do céu e as raízes da vida. São invocadas como divindades:

Na origem estavam as águas
e as Plantas do Céu:
... as Plantas
que pertencem a todos os Deuses, 
as temíveis,
as que dão vida aos homens ...
Possam as Plantas de mil folhagens,
livrar-me da morte, da angústia!

(Atharva 8-7, em VEDV, 1777-178) 

in "dicionário dos símbolos" , jean chevalier & alain gheerbrant , 1ª edição em 1982

sexta-feira, 7 de agosto de 2015

...« Olhando para o meu rebanho e vendo as minhas ideias»...



"Eu nunca guardei rebanhos,
Mas é como se os guardasse.
Minha alma é como um pastor,
Conhece o vento e o sol
E anda pela mão das Estações
A seguir e a olhar.
 
Toda a paz da Natureza sem gente
Vem sentar-se a meu lado.
Mas eu fico triste como um pôr de sol
Para a nossa imaginação,
Quando esfria no fundo da planície
E se sente a noite entrada
Como uma borboleta pela janela.
 
Mas a minha tristeza é sossego
Porque é natural e justa
E é o que deve estar na alma
Quando já pensa que existe
E as mãos colhem flores sem ela dar por isso.
Como um ruído de chocalhos
Para além da curva da estrada,
Os meus pensamentos são contentes.
Pensar incomoda como andar à chuva
Quando o vento cresce e parece que chove mais.
 
(...)

Sinto um cajado nas mãos
E vejo um recorte de mim
No cimo dum outeiro,
Olhando para o meu rebanho e vendo as minhas ideias,
Ou olhando para as minhas ideias e vendo o meu rebanho,
E sorrindo vagamente como quem não compreende o que se diz
E quer fingir que compreende."

Alberto Caeiro, heterónimo de Fernando Pessoa
in «Guardador de rebanhos» 1914 

quarta-feira, 5 de agosto de 2015

"... as voltas que o linho dá ..." #001


Nasce o linho dentro d´água
Anda sempre regadinho
Assim meus olhos com mágoa
Parecem irmãos do linho.

Gira que gira
Fiando o linho
Fuso de lira
Gira mansinho.

Linho fino espadelado
Quem te me der a fiar
Para camisas de noivado
Para rendas do meu colar

Gira que gira
Fiando o linho
Fuso de lira
Gira mansinho.

O linho verde branqueia
Logo depois de corado
O meu cantar não falseia
Enquanto for desgarrado.

Gira que gira
Fiando o linho
Fuso de lira
Gira mansinho.


... moda antiga, cantada pelas mulheres 
durante as várias fases do linho ...


{SEMEAR . escolher um local na baixa da ribeira, fresco e de solo rico . no final do Inverno, cavar a terra (é de extrema importância que seja feito à mão, um amor de enxada é essencial), fertilizar na lua cheia com cinza e estrume . entre Março e Abril lançar a linhaça à terra . semeia-se a lanço, no velho gesto do semeador . há que semear em linhas lançando as sementes em espiral e voltar no sentido contrário para que as sementes fiquem cruzadas e bastas . ranhar a terra ao de leve com o ancinho. As sementes não devem ficar muito fundas ou não germinam, nem ao de cima ou são roubadas por bicos voadores.
 
{foi semeado a 27 de Março 2015
 sol ⊙ em carneiro ♈ e lua ☽ em caranguejo ♋ }

{CUIDAR . começa a germinar ao fim de poucos dias. ao campo de linho chamamos linhal . vamos cuidando do linho: mondar as ervas daninhas que possam competir em altura . regar em abundância, diz-se que o linho quer sete águas se a primavera não trouxer chuva em abundância . inicia-se a espera com contemplação ... o linho cresce e dá botões, que florescem de um azul intenso ... abrem pela manhã, iluminam-se e erguem-se pela hora do sol e fecham para descansar pela tarde. com sorte a abelha passou por ela e nesse dia começam a crescer as baganhas, prenhas de sementes.

{ARRINCAR . quando as baganhas estão maduras de um amarelo dourado e com o caule a amarelar estão prontas para arrincar, que é como quem diz, colher . a colheita é feita à mão e arrancamos a planta inteira com raiz e tudo .

{foi colhido a 14 de Julho 2015 
 sol ⊙ em caranguejo ♋ e lua ☽ em caranguejo ♋ }

{RIPAR . O linho é então sujeito a uma operação que se chama ripagem para separar a baganha do caule, com a ajuda do ripanço. Com pancadas verticais faz-se passar por entre os dentes do ripanço o topo das plantas. As cápsulas bem fechadas, e rijas, saltam para o chão. A baganha é colocada ao sol para abrir para soltar as sementes. às sementes chamamos de linhaça .

{CRIVAR . fazer passar através do crivo, e com a ajuda das mãos quebrar as baganhas e separar a linhaça, e peneirar as cascas de tamanho grande. Depois à que lançá-las ao vento e com golpes de mestria (que só o tempo e a experiência, vão tornar possíveis), fazer as cascas voar e a linhaça cair no recipiente desejado.