sexta-feira, 24 de junho de 2016

o sagrado e os rituais do quotidiano :: as plantas e a comida

  

  Consciente ou inconscientemente, desde tempos imemoriais que o acto de comer e de beber constituem uma forma de comunhão com a natureza e com o divino. Vivemos em constante troca e unidade dinâmica com o meio ambiente, em busca pela utópica pertença colectiva...

"Que seu remédio seja seu alimento, e que seu alimento seja seu remédio."
Hipócrates(do grego Ἱπποκράτης)
460 a.c. - 370 a.c. 


 
  Tradições místicas do Oriente e do Ocidente dizem-nos para orar e meditar alguns instantes antes de comer, e ensinam a celebrar o alimento como forma de contacto com a Vida infinita.
  Desde Hipócrates, que o alimento é visto como remédio. As ervas, as frutas e as hortaliças são instrumentos de cura. 

Deste ponto de vista, alimentar-se é um acto profundo de renovação da vida e não um gesto impensado de exaltação da gula.




"Se a dieta estiver errada, a medicina não tem qualquer uso. Se a dieta estiver correcta, então a medicina não faz falta."

Provérbio Ancestral Ayuvédico






 Assim como, por exemplo, a arte japonesa da Cerimónia do Chá onde tudo é simbólico...
.Desde a atitude : a pessoa deve exalar felicidade e confiança, apresentar uma postura calma e descontraída de forma a criar um momento relaxante e agradável. 
.Na escolha do chá: além da fragrância, forma e sabor, o chá deve ter uma bela história e um bonito nome. E mesmo as melhores folhas de chá terão mau gosto se for utilizada água de má qualidade, portanto, é importante utilizar água natural, pura e cristalina para garantir um sabor maravilhoso. 
.No espaço: o local escolhido deve ser calmo, pacífico, limpo, confortável e tranquilo, com peças de arte que reforcem a atmosfera geral do espaço, deve estar rodeado por jardins e árvores e até a louça que para além de funcional, deve ter estética. 
.E por fim os gestos: uma forma graciosa dos movimentos da mão, de expressões faciais... 




 «Com uma mão, segure o chá e repouse a outra mão sobre seu coração. Acalme seus sentidos, feche os olhos, respire profundamente até se tranquilizar por completo. Quando você conseguir sentir plenamente as batidas do seu coração em sua mão, concentre-se nelas. Sinta que todo o líquido pulsa na mesma frequência do seu coração. Beba pequenos goles do líquido... continue tomando o chá lentamente...
 Quando terminar, mantenha-se em silêncio e em relaxamento por alguns minutos, só então desperte lentamente, sem pressa ou correria...»


 Cada refeição pode ser uma prática meditativa... um ritual... uma ponte para o mundo divino. Ao cozinhar, temperar os alimentos com positividade, ao gesticular, trazer consciência aos movimentos, colocar intenção e amor, fazer tudo como se fossemos contemplados...
 E ao comer, agradecer à Mãe Terra... e saborear devagar... lentamente. Respirar. Estar presente a cada pedaço que se coloca na boca... cada sabor distinguido pelo palato, cada textura que toca os lábios e a ponta da língua... sentir o seu aroma... ver as suas cores....




"Faz tudo como se estivesses a ser contemplado."
Epicuro de Samos(do grego Επίκουρος)
341 a.c. - 270 a.c. 

 "Dizem que"... para além de aumentar a potencialidade energética dos alimentos, a práctica de uma meditação activa deste género, poderia ajudar a aumentar a nossa conexão espiritual... 

 Não importa o que seja, o que faças... torna-o sagrado... Pequenos rituais, dia após dia, podem reacender esta sacralidade... esta pertença perdida ...  que todos buscamos.

quarta-feira, 22 de junho de 2016

Rituais sagrados ... no solstício de verão . Litha .


1. Quem seja que apareça, era a pessoa certa para o momento
2. Quando começa, é porque era o momento certo para começar
3. Seja o que for que aconteça,

 era a única coisa que poderia e deveria acontecer
4. E quando acabar ... acabou.


- As 4 Leis Imutáveis do Espírito-
  











{ ritual de contemplação. acordar no campo, colher os alimentos e preparar comida sagrada.colheitas medicinais. essências florais. colheita intuitiva de solstício de Verão. preparado biodinâmico. noites de luar.}

rituais sagrados ... no solstício de verão
sol ⊙ em caranguejo e lua ☽ em sagitário

{Solstício de Verão e Lua Cheia, ambos no mesmo dia, pela 1ªvez desde o Verão do Amor de 1967}

 .20 junho 2016.
entrada do sol em caranguejo 23:35h
lua cheia 12:02h 

sábado, 18 de junho de 2016

A Roda Óctupla ...


 É a celebração do sol ... e da dança da terra à sua volta... 
 é também a celebração da lua ... e de nós próprios...
 Simboliza o eterno ciclo, o ciclo da vida e da própria natureza, o contínuo processo de nascimento, vida, morte e retorno... 
é o movimento perpétuo dentro e fora de nós...

      A Roda do Ano, diz respeito aos 8 Portais energéticos da Natureza, e as transformações ocorridas ao longo do Ano, chamados de Sabbats, constituem os oito raios da Roda de Cura, e marcam os solstícios e equinócios, em datas determinadas pela entrada do sol em certos signos astrológicos.

  A palavra Sabbat tem origem no verbo grego sabatu, que significa "descansar", repouso. Celebrando em comunidade as mudanças da natureza, a alegria, a abundância e a reverência às divindades. Os sabbats são celebrados, de várias formas marcando a relação da humanidade, com o seu meio ambiente terrestre, telúrico, solar e cósmico.





"RODA. A roda participa da perfeição sugerida pelo círculo, mas com uma certa valência de imperfeição, pois refere-se ao mundo do devir, da criação contínua, portanto da contigência e do perecível. Ela simboliza os ciclos, os recomeços, as renovações.
  O mundo é como uma roda numa roda, uma esfera numa esfera, segundo o pensamento de Nicolau Cusa.
(...)
   É um símbolo solar na maior parte das tradições; rodas abrasadas descendo das alturas do Solstício de Inverno, rodas transportadas em cima de carros por ocasião das festas, rodas esculpidas nas portas, roda da existência, etc."

"SABBAT. Simboliza o repouso depois da actividade. Entre os Hebreus, o sétimo dia exige a cessação das actividades, é consagrado a Javé. No texto da Criação, relatada no Génesis, diz-se que Deus acabou a sua obra no sétimo dia e depois repousou. O sábado, enquanto repouso, é, pois, uma reprodução do sétimo dia da criação.
(...)
  O sábado designa um tempo sagrado em oposição ao tempo profano. O repouso é santificado pelo pensamento da criação. Henri Baruk observa que o termo hebraico que significa repouso é o verbo Chabot, repousar, que tem, literalmente, o sentido de «fazer freve». Este repouso é também hinnafèch, que significa « retomar a sua alma». Se o homem que observa se lembrar da criação, evocará também a lembrança da saída do Egipto, pois só os homens livres descansam. Não se trata só de pôr de lado qualquer trabalho, mas de banir do seu espírito a angústia e as opressões interiores: um repouso libertador da alma.
(...)
  Mas o «sabbat» não teve sempre este significado religioso. As imprecações dos profetas Isaías e Oseias contra os sabbats e as festas ligadas aos ciclos lunares, às neonias, parecem mostrar que havia na altura traços de uma antiga tradição da época nómada, segundo a qual o «sabbat», ligado a um culto lunar, era celebrado como uma festa alegre, que nada tinha em comum com o dia do Senhor. O sabbat seria a festa da Lua Cheia (shabater= parar; a lua pára de crescer); depois a festa ter-se-ia estendido a cada uma das quatro fases do ciclo lunar, juntando-se, assim, à festa do sétimo dia. É a esta tradição antiga, mais do que ao texto bíblico do Génesis, que está ligado o sabbat das feiticeiras. Segundo a lenda, elas saíam a cavalo nas sua vassoras e reuniam-se numa clareira onde faziam um grande tumulto e se entregavam a cenas delirantes e pavorosas. É este o aspecto nocturno do símbolo do sétimo dia: quando Deus descansa, os demónios agitam-se."

"REPOUSO. O repouso de Deus depois da criação não se refere a um estado estático. Repouso não significa não fazer nada, parar um processo de desenvolvimento. O repouso de Deus é considerado como uma pausa criadora, inaugurando um novo aspecto. Este repouso é consagrado à bênção e à santificação, isto é, a uma nova transferência de energia para a criação: a elevação a um novo nível, que poderia ser o da consciência. O repouso de Deus depois da criação simboliza a totalidade dos dias. O sétimo dia está em relação com o primeiro, a perfeição está cumprida, o ciclo começa."

in "dicionário dos símbolos" , jean chevalier & alain gheerbrant , 1ª edição em 1982



 "O círculo do ano e o círculo do dia têm afinidades: 

 O inverno é como a morte da noite, quando tudo fica quieto. 
 A primavera é como o nascer do dia, quando os pássaros acordam e louvam o céu.
 O verão é como o meio-dia, altura de calor máximo, em que o crescimento é maior.
 O outono é como o fim de tarde, pois até mesmo as suas cores se parecem com as do pôr-do-sol.

 Temos assim os dois ciclos da terra em sintonia. O quê ou quem pensas tu que controla o girar desta roda? É o sol. É ele que faz girar a roda.
(...)
A celebração destas oito festas ajuda-nos a acertar o ritmo das nossas vidas pessoais pelo ritmo do Cosmos, pelo ritmo da Natureza.(...)Vamos desenvolvendo um sentido cada vez maior de paz e de qual o nosso lugar no mundo e nas nossas vidas."

Philip Carr-Gomm in Os Mistérios dos Druidas

 A Roda Óctupla
 
4 festivais solares, associados à energia Solar, ao sol, ao Deus... marcam a entrada do sol a 0º dos 4 signos cardinais (aqueles que iniciam):

● Yule . Solstício de Inverno
● Ostara . Equinócio de Primavera
● Litha . Solstício de Verão
Mabon . Equinócio de Outono 

Equinócio . do Latim  aequinoctium: aequus (igual) + nox (noite); e significa "noites iguais"

Solstício . do Latim sōlstitium : sōl (sol) + stitium (parar);
e significa "quando o sol pára"


▲ 4 festivais lunares, associados à energia Lunar, à lua, à deusa... marcam a entrada do sol a 15º dos 4 signos fixos (aqueles que mantêm):

● Imbolc . ínicio da primavera
● Beltane . ínicio do verão
● Lammas . ínicio do outono
Samhain. ínicio do inverno


 YULE . Solstício de Inverno , 
 quando o sol entra a 0º do signo de capricórnio
Ponto cardeal: Norte N
Elemento: Água Alchemy water symbol.svg
Estação: Inverno ❄ 

. 0º ♑ . dia 21 dezembro 2016 . 


 IMBOLC . Festival das Luzes,
 quando o sol entra a 15º do signo de aquário .
Ponto cardeal: Nordeste NE
Elemento: Água+Ar Alchemy water symbol.svgAlchemy air symbol.svg
Estação: a passagem do Inverno para Primavera

. 15º . dia 04 fevereiro 2016 .


 OSTARA . Equinócio de Primavera
 quando o sol entra a 0º do signo de carneiro .
Ponto cardeal: Este E
Elemento: Ar Alchemy air symbol.svg
Estação: Primavera

. 0º . dia 20 março 2016 .


 BELTANE . Festival das Flores
 quando o sol entra a 15º do signo de touro .
Ponto cardeal: Sudeste SE
Elemento: Ar+Fogo Alchemy air symbol.svgAlchemy fire symbol.svg
Estação: a passagem da Primavera para Verão

. 15º . dia 05 maio 2016 .


 LITHA . Solstício de Verão
 quando o sol entra a 0º do signo de caranguejo .
Ponto cardeal: Sul S
Elemento: Fogo Alchemy fire symbol.svg
Estação: Verão

. 0º ♋ . dia 20 junho 2016 . 


 LAMMAS . Festival das Colheitas ,
 quando o sol, entra a 15º do signo de leão .
Ponto cardeal: Sudoeste SO
Elemento: Fogo+Terra Alchemy fire symbol.svgAlchemy earth symbol.svg
Estação: a passagem do Verão para Outono

. 15º . dia 06 agosto 2016 .


 MABON . Equinócio de Outono
 quando o sol entra a 0º do signo de balança .
Ponto cardeal: Oeste O
Elemento: Terra Alchemy earth symbol.svg
Estação: Outono

. 0º ♎ . dia 22 setembro 2016 . 


 SAMHAIN . Festival da Morte ,
 quando o sol, entra a 15º do signo de escorpião .
Ponto cardeal: Nordoeste NO
Elemento: Terra+Água Alchemy earth symbol.svgAlchemy water symbol.svg
Estação: a passagem do Outono para Inverno

. 15º ♏ . dia 06 novembro 2016 .


   E assim a roda vai percorrendo as 4 estações, 
 seguindo o ritmo natural,criando ligação com os elementos da Terra e do Cosmos... e nós vamos rodando com ela...

 Viajando de forma circular com a Terra,
 tal como o Sol roda, configurando o eterno ciclo
de nascer e desabrochar ... 
de crescimento e florescimento ... 
maturidade e frutificação ... 
envelhecimento e decadência ... 
morte e decomposição ... 
e novamente o Renascimento ...